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Postado em: 22/06/2021 - 11:44 Última atualização: 23/06/2021 - 09:47
Por: Felipe Madeira / Natália Fernandes - Portal Imbiara

Dúvidas e desafios marcam volta às aulas em Araxá

Escolas voltam a receber alunos de forma semi-presencial na rede particular, com diversas responsabilidades a cumprir e dúvidas acerca do cenário pandêmico da cidade

Depois de mais de um ano, alunos voltam às escolas particulares de Araxá (Foto: Natália Fernandes)

Após 15 meses de portas fechadas para receberem os alunos, escolas e creches da rede particular de Araxá voltam às atividades nesta semana. O retorno acontece de forma gradual na modalidade de ensino híbrido. Na rede pública municipal o retorno está marcado para dia 1º do próximo mês. Já as instituições da rede estadual dependem da bandeira definida pelo governo de Minas para a microrregião na qual se situa Araxá.

A recepção dos alunos de forma presencial tem sido foco de debates a respeito da segurança de todos os envolvidos e contra a disseminação do coronavírus. No final do mês de maio, representatividades sindicais chegaram a enviar um ofício à prefeitura exigindo maiores condições de segurança para os trabalhadores da Educação. Na ocasião, as aulas estavam marcadas para o dia 1º deste mês, mas o retorno nesta data precisou ser suspenso por decreto estipulado pelo Comitê de Combate ao Covid-19.

Para a Secretária Municipal de Educação Zulma Moreira, com a primeira dose da vacina aplicada nos trabalhadores da educação o cenário se torna mais seguro. Foto: Divulgaçã/CMA

A secretária Municipal de Educação, Zulma Moreira, avalia que com a vacinação da primeira dose, professores e trabalhadores da rede de ensino já têm uma garantia de retorno mais seguro. Para Zulma Moreira, o cenário de retorno é desafiador uma vez que muitos alunos sem condições de realizarem o estudo remoto abandonaram  a escola. “Assim que retornarmos às aulas, nós vamos intensificar essas buscas ativas, fazendo uma avaliação de diagnósticos com esses alunos, ver de onde nós temos que retornar e acompanhar. É mais fácil com a escola aberta termos este controle desta evasão de alunos da escola”, disse.

Segundo o calendário letivo, os alunos terão férias de julho, ou seja, 15 dias após o retorno se o mesmo acontecer no dia 1º do próximo mês, as escolas entram em recesso. Zulma Moreira avalia que por mais que seja um prazo curto de retorno, este será útil para as instituições de ensino avaliarem seus alunos sobre como seus estudos e grau de instrução foram afetados pelo isolamento e distanciamento das salas de aula.

Professores deverão trabalhar junto aos alunos com medidas educativas sobre distanciamento e segurança. Foto: Natália Fernandes/Portal Imbiara

O retorno das instituições de ensino no atendimento presencial, ainda gera certa insegurança a respeito da disseminação do vírus. A vereadora Professora Leni Nobre (PT), que tomou frente no plenário da Câmara Municipal na reivindicação dos professores por mais segurança no retorno às aulas, explica que mesmo com a vacina, não se sabe qual o risco de contágio e disseminação do vírus, além das consequências futuras à saúde das crianças. “Nosso índice de mortalidade é alto na pediatria. A UFMG está estudando, mas ela não tem nenhuma perspectiva do que acontecerá com as crianças assintomáticas. O problema não é o que adoece só, é o assintomático que pode estar com o vírus que fica alojado. Como ele está assintomático ele não é medicado e assim ele vira um transmissor e um vetor”, conta.

Leni Nobre acredita ser um risco o retorno à modalidade presecial nas escoals. Foto: DIvulgação/CMA

Leni Nobre também mostra preocupação em relação ao perfil psicológico das crianças. Segundo a professora, a escola é uma importante via de denúncia e intervenção na proteção da criança contra violências diversas, que não podem ser identificadas de forma remota. “Não estão sendo denunciados casos. Será que eles deixaram de existir, mesmo com atrito maior e uma constância maior de contato com esses familiares dentro de casa? Acho que a rede municipal de Educação e de Saúde tem que se preocupar agora em se preparar para dotar as escolas de psicólogos e psicopedagogos para receber esses meninos de volta e ouvir essa população”, explica.

O retorno às aulas por parte dos alunos é facultativo, podendo ser ministrada em modalidade remota. Monica Correia e Castro, diretora da escola de ensino básico Amaré, explica que muitas optaram por continuar o ensino na modalidade remota. Mesmo assim, a expectativa para o retorno é boa. “Nossos rostos estão estampados no coração da escola com tanta alegria e encantamento que estamos em poder rever nossos alunos e poder abrir as portas da escola”, celebra Mônica Correia.

Mônica Correia fala sobre a expectativa de receber os alunos. Foto: Natália Fernandes/Portal Imbiara

Para a dentista Luciana de Gregório Carneiro, mãe de uma das alunas da Amaré, o afastamento das crianças da escola prejudica o aprendizado e a socialização. “Acho que hoje a gente não tem muita opção a não ser a vacinação e a imunização em massa. Desde que se siga todos os protocolos, acho que Araxá não tentou nenhuma vez ver se aumentaria o número de casos ou não. É claro que se houver isso acho que deve ser repensado", fala.

Luciana de Gregório com sua filha Julia se prepara para voltar a rotina semi-presencial (Foto: Natália Fernandes/Portal Imbiara)

Monica Correia reconhece o desafio do distanciamento necessário para garantir a segurança das crianças e dos professores, mas reafirma os protocolos. “Nós somos muito afetivos, então a vontade de abraçar e acolher a criança é gigante, a saudade é imensa, mas nós sabemos que temos que ter o cuidado”, explica Correia, enfatizando as medidas que devem ser tomadas e que serão trabalhadas nas crianças.

Toda a forma de uso do espaço das instituições de ensino deverá ser remodelada. Foto: Natália Fernandes/Portal Imbiara

Algumas escolas já retomaram as atividades nesta terça-feira (22). Outras ainda estão se programando e treinando o contingente de professores e trabalhadores para que trabalhem de acordo com os protocolos. Até o final desta semana todas as instituições de ensino da rede particular já devem atender seus alunos na modalidade semi-presencial.