Material processado pela St George Brasil mostra viabilidade para produção nacional e coloca cidade em destaque no cenário internacional
Araxá volta a chamar atenção do setor mineral com uma nova conquista: uma amostra enviada pela St George Brasil ao SENAI apresenta concentração superior a 95% de terras raras. O resultado, além de impressionante do ponto de vista técnico, reforça o potencial da cidade para se tornar uma das principais produtoras desses elementos estratégicos no mundo.
Thiago Amaral, diretor de ESG e desenvolvimento da St George Brasil, explica que o minério bruto da região tem teores entre 4% e 5% de terras raras. No entanto, após um processo de purificação, a amostra testada alcançou um nível de concentração muito elevado. “O material passa por um processo químico que remove as impurezas e permite alcançar esse grau de pureza, que facilita as etapas seguintes, como a separação e a produção de ímãs, por exemplo”, detalha.
As amostras que resultaram nessa concentração foram processadas em uma planta-piloto instalada entre 2012 e 2013 pela EMIBAC e Itafós. Agora, a empresa trabalha na recuperação dessa estrutura para dar sequência aos testes e avançar no desenvolvimento de rotas tecnológicas que poderão consolidar Araxá como produtora de terras raras.
Potencial comparado a gigantes internacionais
O que se extrai em Araxá tem qualidade comparável ao que é produzido atualmente em duas das maiores minas de terras raras em operação no planeta: uma na Austrália, a Montwell, e outra nos Estados Unidos, a Bonpess. “Esse resultado demonstra que Araxá tem um depósito muito promissor, com volume e qualidade semelhantes aos das maiores minas em atividade no mundo”, afirma Thiago.
Thiago Amaral, diretor de ESG e desenvolvimento da St George Brasil. Foto: Caio César
Segundo ele, a viabilidade de uso das terras raras extraídas no município já começa a ser testada com potenciais usuários finais, o que representa um passo importante para a inserção da cidade no mercado global desses elementos, cada vez mais valorizados.
Terras raras: tecnologia, energia e futuro
As terras raras são fundamentais para tecnologias modernas: estão presentes em veículos elétricos, turbinas eólicas, robôs, drones e uma série de equipamentos de alta performance. Por isso, países como os Estados Unidos têm demonstrado forte interesse em garantir acesso a essas matérias-primas.
Além do valor estratégico, o projeto em Araxá também caminha lado a lado com os cuidados ambientais e sociais. Thiago reforça que todos os estudos consideram a sustentabilidade como pilar essencial. “O equilíbrio entre economia, meio ambiente e sociedade é uma exigência. Só haverá produção se houver viabilidade em todos os aspectos”, completa.
Com foco na produção de óxidos e carbonatos de terras raras — materiais usados na base de muitas indústrias —, a St George Brasil pretende transformar o potencial da cidade em realidade econômica. “Nosso objetivo é aproveitar da melhor forma os recursos do nosso território, sempre com eficiência e responsabilidade”, afirma o diretor.