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Postado em: 25/07/2025 - 17:03 Última atualização: 25/07/2025 - 17:04
Por: Caio César/Emílio Borges - Portal Imbiara

Vida de Pet: Programa da Rádio Imbiara de Araxá traz orientações sobre ração contaminada com crotalária

A crotolária é uma planta tóxica conhecida por provocar sérios danos ao fígado dos animais

Edvaldo Gomes, Emílio Borges, Isadora Borges (a esposa do Emílio) e Samuel Araújo, convidado do programa. Foto: Caio César/Portal Imbiara

Uma tragédia envolvendo a morte de dezenas de cavalos em diferentes regiões do país acendeu um alerta no setor de nutrição animal e causou comoção entre criadores e veterinários. A suspeita recai sobre uma ração fabricada pela empresa Nutratta, que, segundo laudos, pode ter sido contaminada por uma planta tóxica chamada crotalária, conhecida por provocar sérios danos ao fígado dos animais.

Segundo matéria da Agência Brasil, ao menos 245 cavalos morreram após consumir rações equinas contaminadas da empresa Nutratta Nutrição Animal. Os casos foram registrados em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. A situação veio à tona após a morte de cavalos de alto valor, incluindo um exemplar da raça Mangalarga Marchador, avaliado em até R$ 12 milhões.

“Foi uma perda irreparável, tanto pelo valor zootécnico quanto pelo laço afetivo que muitos tutores têm com esses animais. O cavalo, em muitos casos, é como um pet, só que de grande porte”, comentou o médico-veterinário Emílio Borges, um dos apresentadores do programa Vida de Pet, da Rádio Imbiara 91,5 FM.

Segundo Emílio, os primeiros sintomas observados foram apatia, perda de apetite e emagrecimento rápido. Em alguns casos, os cavalos vieram a óbito em até 48 horas após os primeiros sinais clínicos. A gravidade do quadro mobilizou criadores, veterinários e, posteriormente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que determinou a interdição total da fábrica da Nutratta, localizada em Itumbiara (GO). Inicialmente, a suspensão atingia apenas a produção de rações para equinos, mas se estendeu a todas as espécies animais.

Contaminação acidental

A contaminação teria ocorrido ainda na fase da matéria-prima. A fábrica trabalha com forragens desidratadas — basicamente capim — que, segundo apuração técnica, podem ter chegado às instalações da Nutratta misturadas à crotalária. A planta, embora útil na agricultura como fixadora de nitrogênio no solo, é altamente tóxica para equinos. "O risco está na semente, que pode ter sido triturada junto ao capim", explicou o veterinário.

A dificuldade em rastrear o lote específico da ração afetada também ampliou o impacto do caso. Há relatos de 300 a 400 cavalos mortos em diferentes estados, com maior concentração de perdas em algumas propriedades específicas.

 

Mobilização judicial

Diante da tragédia, cerca de 40 criadores de cavalos já se organizaram e estão sendo representados por um advogado em busca de indenizações. “O grande problema é mensurar o valor real de um cavalo, especialmente os de elite, que, além do preço de mercado, carregam um histórico genético e esportivo que é inestimável para os proprietários”, destaca Emílio.

Alerta aos criadores

A recomendação aos criadores que utilizaram a ração da Nutratta nos últimos seis meses é clara: em caso de qualquer alteração no comportamento dos animais — como apatia, perda de apetite ou emagrecimento — um veterinário deve ser acionado imediatamente. “A evolução da doença hepática causada pela crotalária é muito rápida. Já tivemos relatos de óbito em 48 horas após os primeiros sinais”, alerta.

Descarte dos animais

Outro desafio enfrentado pelos criadores foi o descarte dos corpos. A cremação de cavalos é um procedimento possível, porém raro e de custo muito elevado, devido ao porte dos animais. A alternativa mais utilizada atualmente é a compostagem, um método desenvolvido a partir de estudos da Embrapa, que permite a decomposição controlada e segura dos corpos, evitando contaminações ambientais.

Duas empresas com o nome "Nutrata"

É importante destacar que existem duas empresas com o nome “Nutrata”. A envolvida na produção de ração animal e atualmente interditada utiliza a grafia com dois "t". Já a outra, que produz suplementos alimentares para humanos, é escrita com apenas um "t" e tem sede em Santa Catarina. As empresas não têm qualquer ligação entre si, e a confusão entre os nomes tem gerado prejuízos à marca de suplementos.

A expectativa agora é pela continuidade das investigações por parte das autoridades sanitárias e pela responsabilização legal da empresa envolvida. Enquanto isso, o caso serve de alerta para a importância do controle rigoroso em toda a cadeia de produção de alimentos para animais.