Durante o programa Vida Ativa 60+, o irmão vicentino Ermes Borges relembra a trajetória da instituição, destaca os desafios atuais e faz um apelo por novas lideranças
O mês de julho termina com uma homenagem especial no programa Vida Ativa 60+: uma edição dedicada aos avôs e às avós e, acima de tudo, a uma das instituições mais tradicionais de Araxá — o Recanto do Idoso São Vicente de Paulo, prestes a completar 90 anos de existência.
Ermes Borges, que atualmente responde pela presidência da instituição, participou do programa e emocionou o público ao relembrar sua trajetória com os vicentinos, o impacto da obra social na cidade e os desafios de manter uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) funcionando dentro das rigorosas exigências da lei.
"A gente não pode tratar os idosos de qualquer jeito. Hoje tudo é regulamentado. Cuidadores precisam de formação, cozinheiras precisam de curso, e temos um responsável técnico fiscalizando tudo. A ILPI é, sim, um lar, mas com muita responsabilidade," destacou Ermes.
Atualmente, o Recanto acolhe 57 idosos em regime de residência fixa, oferecendo seis refeições diárias, medicamentos, higiene, acompanhamento técnico e, acima de tudo, dignidade. A maior parte dos residentes é assistida com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou aposentadoria. Segundo Ermes, 70% do valor recebido por cada idoso ajuda na manutenção da casa, enquanto os outros 30% ficam reservados para despesas pessoais.
“Hoje todos os nossos residentes têm benefícios. Já tivemos casos sem, mas nossa equipe social correu atrás e conseguiu. Isso mostra o quanto o SUS e o SUAS têm papel importante. São alvos de críticas, mas precisamos reconhecer os avanços”, pontuou.
História e legado vicentino
O Recanto do Idoso nasceu da atuação da Sociedade São Vicente de Paulo, uma organização secular de origem francesa, fundada em 1833 e presente em mais de 150 países. Em Araxá, a atuação vicentina se mantém viva há quase um século, e segundo Ermes, a estrutura é altamente organizada e baseada em regras claras.
“Tudo funciona a partir das conferências vicentinas. É nelas que o trabalho começa: visitando, assistindo e acolhendo. A vaidade pessoal não cabe aqui. A regra é clara e é feita para proteger quem mais precisa”, afirmou.
Ermes também explicou que sua entrada na instituição foi quase por acaso, ao aceitar um convite de um colega vicentino durante uma caminhada na Praça da Mangueira. O que começou como uma ajuda esporádica acabou se tornando uma missão de vida.
"Entrei como voluntário, virei tesoureiro, depois interventor, presidente, e continuo por aqui, porque a missão fala mais alto", disse emocionado.
A entrevista serviu como um convite para a população: seja por meio de doações, voluntariado ou orações, todos podem contribuir com o Recanto.
Um alerta para o futuro
No encerramento, Ermes fez um apelo importante: o número de conferências vicentinas em Araxá está diminuindo, o que ameaça a existência do próprio Conselho Central da cidade. É preciso formar novas lideranças e manter viva a chama do voluntariado.
"Para ser vicentino basta ter espírito caridoso e ser voluntário. O trabalho é sério, mas gratificante. Precisamos de mais gente com esse coração disposto a servir", finalizou.
